segunda-feira, 25 de novembro de 2013



E na hora do branco no discurso ??
Como advogado(a), ou uma pessoa bem relacionada, com certeza vai chegar um momento em que vão pedir e esperar de você um discurso ou uma palavra sobre determinado assunto.
Isto porque, em algum momento vão achar que você  é conhecedor de variados assuntos, ou um profissional no uso da palavra, aí vão pedir o tão temível DISCURSO.
É a hora do arrepio, pois nem sempre é verdade esta gama de  conhecimentos que julgam que temos...mas,  a sorte já foi lançada e lá está você defronte o público....
Temos excelentes advogados, exímios profissionais do direito que “se pelam” todo quando tem que falar em público, imagine o cidadão comum.
Imagina então fazer um júri, sustentando o direito de um réu pelo tempo de duas horas e meia com todas as atenções voltadas exclusivamente para ele e com o destino do réu em suas mãos (ou voz, melhor dizendo) ??
Pois é, quando eu entrei para fazer o curso de Direito eu era um destes estudantes temerosos de um dia ter que falar em público.

Hoje, com mais de 400 júris realizados, me sinto na obrigação de passar um pouco de minha experiência e como consegui “me soltar” e ser um tribuno da arte da defesa no tribunal do Júri.

Pois bem... meu primeiro e grande medo, e sei que é de muitos, era o de “dar um branco” na hora do discurso.
Até hoje ainda tenho estes lapsos, mas consegui administrar de tal forma que isto passa totalmente despercebido para o público e não prejudica o discurso. 
Mas como já me alonguei muito, dou as dicas no próximo post.Até lá. 

domingo, 17 de novembro de 2013



Minha grande colega, que milita no direito criminal há décadas e que é uma referência de dignidade, honradez e dedicação ao Direito,  sempre nos conta uma história acontecida com ela, ao estilo das músicas do Bezerra da Silva  e com certeza parte da história deve ter acontecido com muitos de nós, sofridos profissionais da Advocacia.
Conta ela que tinha um cliente pelo qual sempre trabalhou em defesas criminais.
Mas o varão não se emendava. Por inúmeras vezes ela defendia e colocava o cidadão na rua, mas demorava pouco tempo e lá vinha a esposa dele batendo á sua porta e a procurando para livrá-lo de mais uma enrascada criminal.
Da ultima vez que foi para a rua, seu cliente acabou sendo morto pelos “rolos”em que sempre se metia.
A lendária advogada foi até o velório.
Olhou para o defunto, constatou a morte...
Naquele  momento se aproximou a viúva e disse-lhe: Obrigada doutora por comparecer ao velório e ser solidária neste momento de dor em que parte nosso querido “fulano de tal”.
A ilustre colega então, com o olhar compungido, cara de bastante comovida deixou correr uma lágrima e apenas balançou a cabeça em tom de comoção e sentimento.

Foi-se embora e depois comentou com os colegas: "Fui no velório do infeliz para confirmar se era ele mesmo e chorei porque ele foi embora me devendo uma tremenda grana."
Nunca mais recebeu os honorários, mas até hoje a viúva faz boa propaganda da colega advogada:

 - Esta sim é uma boa advogada, acompanha o cliente até o dia de sua morte e ainda chora por ele !!!!!. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

domingo, 10 de novembro de 2013





Esta aconteceu com um colega meu, ilustre e altamente competente advogado atuante nos tribunais do Júri das terras bandeirantes por mais de três décadas.
A pedido de um colega dele, que ia fazer seu primeiro júri inscrito pela Assistência Judiciária, pois até então ele  só tinha feito júris acompanhando colegas e por isso não tinha experiência e pediu este apoio.
Lá foi meu amigo auxiliá-lo.
O “novato” usava uma linda beca, estalando de novo que comprara para estreá-la naquele dia e meu amigo chegou com sua beca surrada pelos longos anos de tribuna.
Antes de iniciar a sessão, ambos foram até o gabinete do juiz se apresentarem para ele. O Magistrado deu as boas vindas e foi logo dizendo que não aceitaria que a sustentação em plenário fosse feito por outro advogado que não aquele que era nomeado pela Assistência.
Pois bem, lá foram eles.
Iniciado os debates, quando ainda o Promotor desenvolvia sua fala, o advogado novato se ausentou para ir ao banheiro. Depois que voltou, dez minutos depois, lá foi ele de novo ao banheiro.
Bom, resumindo, o jovem advogado que ia fazer uso da palavra em seguida ao Promotor, simplesmente estava com uma constrangedora situação de descontrole nervoso, que o levou a ficar com uma tremenda e desenfreada diarréia.
O Robertão (assim chamo carinhosamente meu amigo de longos anos de tribuna de júri), entendendo a situação, e quando já estava terminando a fala da Promotoria alertou o colega que seria impossível ele sustentar a defesa do réu, visto que sequer conseguia controlar os intestinos e o esfíncter.
Foi então que o Robertão foi até a mesa do juiz e discretamente falou da situação. Se o Magistrado insistisse na sua posição de que o Advogado dativo é quem tinha que falar, então ele teria que dissolver o Conselho de Sentença, pois o réu estaria totalmente indefeso.
Então, prudentemente ilustríssimo Juiz entendeu a situação e ante o impedimento momentâneo do defensor dativo, autorizou meu colega a fazer a defesa do réu.
O Robertão, como sempre, arrasou na sua oratória envolvente.
Final da história, depois disso o advogado iniciante “deu baixa” na assistência judiciária e sem ter utilizado sua beca uma única vez, nunca mais pegou outro júri para fazer.

Entendeu que não era sua praia.

sábado, 2 de novembro de 2013

“Os advogados de defesa choraram”

Logo cedo o cidadão estava na padaria bebendo e sendo inconveniente com todos os clientes que por ali passavam. Então os funcionários resolveram colocarem-no para fora, oportunidade em que ele se recusou, começou um bate-boca e a base de pontapés ele teve que sair.

Voltou meia hora depois armado com um 38 e da porta da padaria começou a atirar a esmo para dentro do estabelecimento. Depois de descarregar a arma o resultado foi um morto, uma pessoa ferida na coxa sem gravidade  e outra também de leve na canela.
Nenhuma das vítimas estivera envolvida com o desentendimento anterior, eram simples clientes que tinham chegados depois.

Não teve como a defesa não chorar, pois o drama foi com respeito a vítima fatal.

Assim relatou os fatos a principal testemunha de acusação:
“Era uma dez horas da manhã mais ou menos e eu tinha ido comprar pão. Meu netinho de 07 anos tinha ido comigo pois tinha dormido em casa de sexta para o sábado. Estava eu na fila do pão  quando ele me mostrou alguma moedas que tinha e perguntou se dava para  comprar um pacote de bolacha recheada.
Neste momento ela colocou a mãe na cintura e disse:
“Seu” Juiz, “magina” se meu neto tinha que usar o dinheirinho dele para  comprar bolachas. Então eu disse, pega a bolacha que você quiser que a Vó paga. Ele foi para o meio do corredor escolher a de sua preferência, quando escutei “um monte” de tiros e uma gritaria de todo mundo. Corri para onde estava o menino e ele “estava branquinho” peguei ele no colo e ele começou a “ficar molinho, molinho” olhou para mim, e fechou os olhinhos e ....morreu no meu colo.
Dotô...eu não devia ter deixado ele ir pegar a bolacha....”

Neste momento, pairava um silencio profundo em todo o tribunal.

Os jurados choravam, parte do público chorava. O Juiz, segurou-se firme, mas tenso, para onde se olhava se via um ou outro enxugando lágrimas com lenços.

Foi aí que a bancada da defesa composta por experiente advogado com muitos anos de tribuna e por uma advogada também vivida nas artes da defesa do júri, como seres humanos normais...não teve como não chorar.

Na sua fala, a defesa se recompôs, fez uma brilhante sustentação oral, mas não tinha jeito que desse jeito. O réu foi condenado.

(No exercício da defesa no tribunal do júri é que se aplica com mais exposição e publicidade os princípios constitucionais  da ampla defesa e do contraditório. Não importa o crime ou o quanto ele seja terrível tem que haver sempre um advogado (a) a representar o réu em sua defesa.

Como dizia Ruy Barbosa: “Onde for apurável um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado o consolo do amparo judicial.”)